segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Vazio

                                   Vazio


Olho pela janela como quem deseja ver um horizonte... Mas ele não existe. Nada vislumbro tudo ao meu redor é incerteza e solidão.
Nada em mim subsiste. Nada em mim viceja e sinto-me inerte, perdida em pensamentos...
O vazio parece imenso e assustador, como o medo infundado da escuridão; Não há nada em meu quarto escuro senão meus próprios fantasmas, aqueles que eu mesma criei. Estou cheia de mim mesma e nem caibo mais em mim... Queria poder fugir. Para onde? Terei mais paciência, prometo, comigo mesma, com as pessoas, enfim. Sinto-me perdida, sem rumo, sem certezas, sem esperança. Perdi o fio da meada e agora estanquei em mim a vontade de tentar, pois tudo em mim são medo, saudade e desalento...


Nada mais posso fazer além de abrigar minhas fraquezas no mais profundo silêncio do meu coração, para que ninguém mais me note, me encontre vulnerável, aflita e solitária. Assim não serei magoada, iludida ou traída por minhas próprias expectativas. Quero sair por aí, encontrar alegria, paz, verdade e beleza nas coisas, mas não vejo mais o colorido que antes havia nelas... Nada se compara com quem fui. Nunca mais serei. O tempo passou e rápido demais; hoje sinto o peso de a experiência tornar-se amargura, transformar-se em melancolia... Não gosto disso. Mas foge do meu controle. É como uma verdade; existe por si só. Descobri que a vida só é possível ser bem vivida quando não se pode mais voltar atrás e corrigir o que ficou imperfeito, inacabado. Descobri que meu passado é talvez, já, menor que o futuro que me espera e assim... Perdi tempo demais e o relógio não me espera; posso ver claramente os efeitos em mim, aliás...
Meu pretérito não é nada perfeito e o futuro... Assim, vou ficando por aqui. Pensando em mim, em minha vida desperdiçada e nos sonhos que não conquistei. Desisto do horizonte... ele não quer se revelar a mim, tenho de aceitar...Perdi o compasso e a direção. Busco agora e já conformada, um bom refúgio onde eu possa acomodar sem muito ruído as mazelas do meu ser e o som do grito que o meu silêncio traz...

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